7 de junho de 2013

Companhia


Em resposta ao primeiro desafio do Pena e Nanquim; Entre outras coisas, um conto de terror. Versão em inglês para o blog ainda está pendente.


Companhia

Por Regina Umezaki


-Abby, sai já daí!

Pelo menos de acordo com seus pais, Abigail era um nome bem forte, do tipo que, quando você vira adulto, ajuda a construir autoconfiança e força de vontade. No entanto, aos 7 anos de idade, ela o achava esquisito. Fora o fato de o nome soar... Velho.

Abby, no entanto, era um apelido bom. Charmosinho, como a menina que respondia ao chamado. Enfiada num vestido azul, com olhos grandes e redondos, cabelos pretos lustrosos e sapatos vermelhos brilhantes, ela parecia uma boneca. Meio palhaça e definitivamente aventureira, do tipo que se mete em encrencas; Ainda assim, uma boneca.

-Mas, mãe...! – ela prolongou o ‘ã’ durante todo o caminho entre o caixão e a mãe, que estava do outro lado do salão. 

Pegando a mão da criança, a mulher começou a andar em direção à porta. Elas estavam numa funerária, e o frio e a morbidez do mostruário de caixões causavam calafrios. Não era por menos; A mãe de Abby já tinha deixado claro para os parentes mais próximos que, se algo lhe acontecesse, ela fazia questão de ser cremada. A idéia de passar a eternidade dentro de uma... Caixa... Era simplesmente insuportável.

No entanto, o caixão que procuravam não era para ela; Era para seu sogro, o falecido avô de Abby. A menina já tinha chorado o que tinha para chorar, e em seu raciocínio complicado de criança, também se decidira a escolher o melhor caixão do mundo para tornar a morte menos deprimente... Para o morto. “É importante que ele fique confortável.”, tinha dito ao pai na noite anterior, enquanto se encolhia na cama para dormir.

Na verdade, Abby não sentia tanta falta do avô; Nos últimos dois dias, ela vinha se preocupando com outra coisa. Na mesma semana do falecimento do velho Senhor E., (apelido do ‘defunto’, uma palavra que ela tinha aprendido nos cinco minutos passados no mostruário) o padre amigo da família tinha deixado a cidade às pressas, abandonando uma congregação sem explicações. Logo em seguida, seus pais a tinham levado até o hospital para lidar com uma tal de burocracia (palavras do pai) para liberar o avô. Abby ainda tentava entender o que o avô podia ter feito de tão errado para ser preso depois de morrer.

Ela tinha visto o avô no hospital, por muito pouco tempo. Ele estava sendo levado numa cama de aço que parecia muito fria e desconfortável, coberto por um lençol. Alguém o estava levando para uma sala, mas teve que parar para atender a um chamado no auto-falante. Os pais tinham pedido que ela ficasse no corredor vazio esperando. Assim, tinham ficado ela e o morto, com o comprimento de um corredor entre eles. Abby só o tinha reconhecido porque ele estava com uma das mãos descobertas, e nela havia uma marquinha que ele costumava mostrar a ela quando era mais nova, enquanto contava uma história. Ela adorava histórias, principalmente aquela em que ele salvava um reino submerso e, na aventura, levava uma mordida feroz de um peixe-leão-dourado, que de acordo com o Senhor E. era um tipo de peixe que agora não existia mais (ele tinha acabado com o último, num combate muito emocionante, e tinha ganhado a marca na mão durante a briga).

No entanto, naquela tarde no hospital, a experiência de ver o avô foi traumatizante para Abby. Não porque ele estava morto, mas porque, quando ninguém além dela estava olhando, ele tinha se mexido.

 -Abby, - tinha dito o Senhor E., enquanto se erguia lentamente. – Dizem que eu vou para um lugar meio solitário. Você pode ir comigo? Eu não quero ficar sozinho...

Ela tinha começado a gritar, chorar e se encolher no canto da sala, e a mãe tinha vindo correndo para encontrá-la quase desmaiada. O Senhor E., como seria adequado, estava imóvel e bem falecido.

Por isso ela queria tanto escolher um caixão para o avô. Não para que ele ficasse confortável, como tinha dito ao pai, mas para que ele ficasse bem fechado e longe dela. Abby estava com medo. Sonhos com um monstro grande e feio arrastando-a num abraço frio para dentro de um caixão gelado e escuro a deixavam acordada à noite, e todos pensavam que era apenas um trauma por causa do primeiro contato com a morte, sem entender que na verdade o desespero se dava porque ela tinha medo de ser enterrada junto com o avô como ele tinha pedido, e de estar viva quando isso acontecesse.

A idéia era apavorante, e só de pensar ela começava a achar que as paredes estavam se arrastando mais para perto. Abby nunca tinha tido nada nem ao menos parecido com asma, no entanto, só de pensar no avô, ou na coisa que ele tinha se tornado, ela perdia a capacidade de respirar.

Agora, na funerária e de mãos dadas com a mãe, ela se sentia mais segura. Ali, ela podia escolher a jaula do monstro que a assombrava. Era dela a vantagem.

O problema era que o universo parecia querer amedrontá-la.

-Ainda não entendo porque nosso padre foi embora. – comentou a mãe. – Agora o enterro vai atrasar dois dias, até um novo padre chegar para poder rezar pela alma do Senhor E.

A notícia mandou um arrepio por toda a espinha de Abby, parou de caminhar de repente e apertou a mão da mãe com tanta força que chegou a doer.

-Mas, mãe!... A gente precisa enterrar o vovô! Se não ele... Ele...

“Ele vai vir me pegar, vai me arrastar da cama, me segurar dentro do caixão, e vai estar escuro e frio e silencioso e eu só vou escutar a voz dele e eu não vou conseguir sair porque a tampa daqueles caixões são tão pesadas e eu sou tão fraca e ninguém vai me ouvir do lado de fora e eu vou ser enterrada e eu não vou poder fazer nada só gritar e gritar e gritar e...”

O discurso ficou preso na garganta, num nó apertado demais. As lágrimas encheram os olhos, escorrendo no mais puro desespero. Abby soluçou.

-Ah, amor, não fica assim... – a mãe a abraçou e, apesar de já não fazê-lo há algum tempo, também pegou-a no colo. Abby continuou soluçando e tremendo.

Para ela, era tudo bem simples: “Aquilo” queria que ela fosse enterrada com “Aquilo”. Quanto mais tempo “Aquilo” passasse livre, mais tempo teria para planejar algo para pegá-la. Se a coisa fosse enterrada agora, ela escaparia; Se esperassem dois dias...

As duas saíram da funerária e a mãe de Abby colocou-a no chão. Novamente de mãos dadas, elas andaram até o carro. A viagem foi silenciosa. A mãe pensativa, Abby pesadora. Quando chegaram em casa já era noite.

Abby tomou um banho (sozinha, porque já era grande, e rápido, porque estava com medo do que poderia entrar pela janela ou vir pelo ralo para pegá-la). Vestiu seu pijama e deixou que a mãe secasse seus cabelos. Os barulhos do lado de fora a assustavam. Por um instante, ela desejou ser surda, depois, achou que talvez fosse melhor ouvir – lhe daria a chance de correr quando soubesse que algo vinha pegá-la.

A menina sentou-se na cama e chutou as cobertas para que a mãe a cobrisse.

-Mãe... – ela esticou o ‘ã’, como andava fazendo com freqüência. – Deixa a porta aberta?

A mãe de Abby fez que sim e beijou-a na testa. Ajeitou as cobertas e saiu do quarto, deixando a porta aberta para o corredor iluminado. Vendo a saída e a luz do lado de fora, a menina fechou os olhos com menos receio de dormir.

Mal pegou no sono, um ruído a acordou. Havia alguma coisa batendo na janela. Tec. Tec. Tec. De repente, um estalo mais alto. TEC. E outro. E mais um. Abby se encolheu, colocou a cabeça para dentro das cobertas, transformou-se numa bola encolhida de membros e medo. O vidro resistiu mais uma, duas, três batidas. Trincou. Ela começou a chorar, um choro profundo, com direito a gemidos de medo, tão encolhida que os joelhos tocavam os olhos fechados.

Novamente desejou ser surda. Que boba tinha sido, acreditando que teria a coragem necessária para sair das cobertas e correr para longe. O máximo que ela conseguia fazer por si mesma era se impedir de molhar as calças.

Num ruído que, aos ouvidos amedrontados da criança, pareceu um milhão de taças se partindo, ou um meteoro caindo, ou o mundo acabando, o vidro se partiu e algo quicou pelo chão. Uma corrente de ar bateu a porta. Ela gritou.

-Abby! ABBY! – era sua mãe do lado de fora, virando a maçaneta em falso. A porta estava emperrada e alguma coisa ia se arrastar pela janela quebrada a qualquer instante. Abby gritou pela mãe, pelo pai, até que as palavras se perderam no desespero e tudo o que ela fazia era chorar e se encolher.

Ela conseguia imaginar a coisa entrando, a coisa, não seu avô, não era mais um senhor simpático, era um monstro deformado, porque ela não conseguia conceber alguém que a tinha amado tanto vindo agora para pegá-la com os mesmos braços que a tinham ninado. Tinha que ser algo feio, frio, pegajoso e horrível.

A porta abriu. A mãe de Abby entrou correndo para ver a bola de tênis que tinha deixado o vidro em pedaços. Do outro lado da cerca que separava as casas, sua vizinha fazia sinal de “desculpas, me ligue, vamos resolver isso tudo depois”. Ela acenou de volta, respirando fundo para acalmar o coração. Foi até a cama da filha, que ainda gemia de medo. Um galho de árvore batia insistentemente no que sobrava na janela. Abby simplesmente chorava, e deu um grito agudo, do tipo que apenas crianças conseguem dar, quando sentiu a mão da mãe sob as cobertas, procurando-a para acalmá-la.

Abraçando a criança, que de início se debateu loucamente e depois agarrou-se a ela com uma força assustadora, a mãe afagou as costas de Abby até as duas adormecerem.

O resto da noite foi um borrão de sono intermitente, sobressaltos e calafrios. Conforme o dia raiava, Abby se acalmava. À luz do sol, as coisas pareciam menos assustadoras. ‘A Coisa’ parecia menos assustadora. Ainda assim, ela estava irrequieta enquanto trocava o pijama pelas roupas do enterro, e não melhorou no carro a caminho do cemitério.

Andando entre os túmulos, ela ouvia os sussurros ao seu redor. Pessoas, tantas pessoas, por todos os lados. Algumas lamúrias desesperadas, gemidos de desolação, soluços de dor. Ela não queria ouvir nada daquilo.

Exausta, Abby ficou ao lado dos pais e assistiu o caixão do avô ser colocado no túmulo. Com medo dos traumas que a filha podia estar desenvolvendo, eles tinham cobrado favores e conseguido um padre para realizar de uma vez os ritos de passagem do Senhor E. A menina olhou o caixão ser coberto de terra com olhos cansados e lábios comprimidos.

Não importava mais. Já não importava desde que ela pusera os pés no cemitério para ouvir os sussurros e as lágrimas. Abby sabia que ela tinha conseguido fugir, que nada viria pegá-la à noite, que tudo ficaria bem para ela.

Todas as outras fariam companhia ao seu avô; Sim, porque Abby agora sabia que havia outras. Ela as ouvia, enquanto passava com os pais pelas fileiras de túmulos e mais túmulos; Aquelas que soltavam as lamúrias, os gemidos e os soluços. Uma ou outra gritava.

As crianças que, ao contrário dela, não tinham conseguido escapar. Ela ouvia seus gritos, vindo da terra.

Abby ouvia todas elas.

24 de janeiro de 2013

I need to talk about this random thing #01 - Cory Doctorow



Cory Doctorow – Escrevendo sobre pirataria e copyrights like a boss
[English Version]



Okay, chegou a hora de testar a eficiência da minha escrita bilíngue, e acho que esse vai ser um texto meio longo. Meu Deus, já consigo sentir a LER.

Você já ouviu falar nos livros de Cory Doctorow?

Aqui no Brasil, eles são publicados pela Galera Record; Temos dois títulos: Pequeno Irmão (Little Brother), de 2012, e Cinema Pirata (Pirate Cinema), de 2013 (os anos citados são de lançamento no Brasil mesmo). Me intriga perceber que são livros quase ocultos pela gigantesca e infindável onda de romances YA, sobrenaturais e etc. Nada contra eles, nada mesmo (é, eu sou fã de uns, e algumas pessoas diriam que os livros de Doctorow são YA, acho.), mas numa editora de grande porte como a Record, era de se esperar que esse autor tivesse pelo menos meia dúzia de fanboys ou fangirls na book-blogsfera desse país.

Aleatoriedade à parte, vamos falar dos livros citados. Pequeno Irmão é a história de Marcus, a.k.a. W1n5t0n, uma dessas pessoas extraordinárias (essa é a minha opinião, me julgue.) que gosta de burlar o sistema e tem talento para isso. Não é, no entanto, uma pessoa que vá burlar o sistema para causar o caos, e sim dessas que quer cabular aula e sair para fazer coisas mais interessantes (esses somos ou fomos todos nós, acho). O que torna o livro diferente da maioria é o que vem depois.

San Francisco sofre um ataque terrorista; Marcus e seus amigos se misturam com uma multidão apavorada, são presos e interrogados como suspeitos. Ele é detido por três dias. Para serem soltos, são diplomaticamente convencidos (leia-se ‘obrigados’) a assinar declarações que isentam seus raptores de qualquer culpa ou inconveniência. Raptores que, por acaso, são o governo.

E, no entanto, o melhor amigo dele não é solto.

Sem mais detalhes, inicia-se aí a parte que mais me interessa no livro. Cory Doctorow conseguiu algo que surpreende, ou pelo menos surpreendeu a mim; Ele tornou o livro uma declaração, um alerta e um informativo.

Por meio dos olhos de Marcus, o leitor vê a transformação da sociedade através do medo. Em troca da suposta segurança, as pessoas começam a abrir mão dos direitos e da liberdade. Nas escolas, os alunos começam a ser questionados sobre as situações em que a Constituição e suas emendas podem ser ignoradas. Transeuntes são parados em metrôs, em carros, nas ruas; Pessoas comuns começam a ser questionadas por razões ínfimas.

O nome do livro é uma referência ao Grande Irmão, antagonista que nós conhecemos em 1984, de George Orwell. Os Pequenos Irmãos são o contra-ataque, as linhas de defesa, a minoria que age para proteger os direitos que estão sendo amplamente ignorados numa caça a fantasmas que podem ou não ser monstros reais. Eles são liderados (entre aspas. Eu considero mais um exemplo do que um líder) por M1k3y, o novo alias adotado por Marcus (por falar nisso, W1N5T0N também é referência a 1984 – o protagonista da obra de Orwell se chama Winston). Usando dos truques tecnológicos que já exploravam antes dos ataques, cidadãos comuns começam a minar o sistema.

Não vou fingir que entendi tudo o que foi explicado no livro sobre tecnologia. Sou dessas que entende o básico para ser uma pessoa ‘virtual funcional’. No entanto, mesmo que não se entenda o processo da criação, é simples entender o objetivo de cada ação planejada e detalhada na narrativa. Além disso, o autor expõe dados e estatísticas interessantes sobre a probabilidade de efetivamente capturar um terrorista em meio às interceptações de cidadãos comuns, o que eu de fato entendi e registrei como algo entre cômico e perturbador.

Pequeno Irmão é um desses livros que, apesar de contar uma história, é bem mais do que isso – tem uma nem tão sutil mensagem de liberdade de expressão e da sua importância.

Muito se fala dos direitos e deveres de um cidadão, mas não acho que conheça alguém que já tenha lido a nossa constituição. Da mesma maneira, não conheço quem tenha tido aulas de política aos 16 anos, idade a partir da qual podemos votar no Brasil. Mais ainda, não vejo oportunidades de aprender sobre nossos direitos e deveres factícios nas escolas, onde supostamente formamos cidadãos que serão parte importante e vitalícia da nossa sociedade. E, pior ainda, vejo provas irrefutáveis da ignorância da população (e nessa população eu incluo) geral em épocas de eleição, quando é comum ver uma declaração não feita sendo atribuída a uma figura política aleatória e lançada em redes sociais para final único de desinformação.

Não acho que iniciar petições e fazer passeatas vá nos garantir as aulas de política que queria que existissem, no entanto, se você está lendo esse texto é porque, assim como eu, tem acesso a essa coisas maravilhosa que é a internet. Assim como Cory Doctorow, reconhece o valor da informação. E, se ainda está lendo, pode-se dizer que é um dos interessados em conhecer.

Isaac Asimov já previa autodidatas nos anos ’80. Pessoas interligadas, conectadas e armadas de acesso a bibliotecas virtuais. Era da nossa geração que ele falava, pelo menos é nisso que eu acredito. Eu comecei falando de um autor, passei a falar de um livro e ainda falarei de outro antes de terminar esse artigo errante, no entanto, já que estamos aqui, eu gostaria de ressaltar: A idéia desse pseudo-artigo veio de um punhado de livros, páginas de wikipedia e artigos aleatórios lidos do fim de 2011 para cá. Imagine o que uma pessoa poderia fazer com uma biblioteca. Imagine o que uma pessoa poderia fazer com a internet.

Agora, continuando.

Já falei de Pequeno Irmãoe sua estrutura propícia à proliferação de questionamentos. Agora, para trazer o tema para algo ainda mais próximo da nossa realidade, vamos falar de Cinema Pirata.

Em Pequeno Irmão, vemos o momento exato em que uma sociedade rígida se torna, de fato, uma distopia. Em Cinema Pirata, já começamos com os dois pés sendo vigiados, em sua totalidade de dez dedos, pelo Grande Irmão.

Trent é, como Marcus, um adolescente que tem habilidade de burlar as regras e um gosto pela atividade. Num sistema que pune duramente qualquer tipo ilegal de download, ele é pego por colecionar e remendar talentosamente filmes de seu ídolo, montando curtas e criando novas histórias. Por essa atividade criminal perigosa, corrompida e ameaçadora ao bem-estar populacional em geral, ele e sua família inteira são banidos da internet.

Sim, eu também achei o conceito muito extremista. Quase cruel. Ao ser banido da internet por um ano, Trent percebe o quanto era dependente dela. Para fazer seus filmes, ele precisava de matéria-prima, de filmes para cortar. Sua mãe precisava da internet para solicitações de ajuda por conta de problemas de saúde. O pai trabalhava online. A irmã, uma prodígio de notas máximas, precisava do acesso para pesquisas e trabalhos de escola.

Cinema Pirata inicia-se dessa forma. Trent foge de casa, assustado com as conseqüências de seus atos e envergonhado por elas também. Em Londres, ele acaba encontrando toda uma subcultura, um mundo underground de pessoas que poderiam viver como mendigos, mas comem como reis. Pessoas que poderiam ser indigentes, mas, na verdade, se viram muito bem fora do sistema.

É fora desse sistema que ele começa a se inteirar de como realmente funcionam as coisas – é apenas ao sair da bolha que ele passa a observá-la e ver o que está errado. Com Vinte (sim, o nome dela é 26, apelido Vinte), personagem relevante e tão essencial aos questionamentos quanto o próprio protagonista, Trent passa a observar e, eventualmente, enfrentar o sistema que criou as regras que ele quebrou, causando todos os problemas de sua família.

Como foi com Pequeno Irmão, os questionamentos estão muito presentes e nada escondidos (eu sei que é meio pleonasmo, mas entenda que a presença é tão forte que precisa ser duplamente citada). Na verdade, eles são ainda mais profundos, porque junto da perspectiva do erro, o autor apresenta a improbabilidade da correção. O que está errado está tão errado que reparar o sistema tornaria necessária a mobilização das pessoas que o corromperam. Para melhorar o sistema, seria necessário destruí-lo ou vencê-lo.

Apesar das previsões apocalípticas, quando olhamos bem para a nossa própria política, não há muito motivo para negar: Nosso sistema está quase tão corrompido quanto o de Trent, e acredito que esteja tão irreparável quanto.

Eis um quote lindo do livro no que refere à rotulação de downloads como roubo:

“... se é apenas roubo, por que as penalidades não são as mesmas que para roubo? Furte um filme da locadora e pague uma multa de vinte libras, se é que paga. Baixe o mesmo filme no Pirate Bay na Romênia e eles colocam você na cadeia. Vai entender.”

Acho que ainda não foi citado que Cinema Pirata é, em parte, inspirado em protestos contra projetos como SOPA, PIPA e ACTA (vocês se lembram deles?), mas é dito nos agradecimentos do autor no início do livro. É quase impossível falar de copyrights e liberdade na internet sem lembrar dessas (quase) leis.

Quando falamos em pirataria, pensamos em milhões sendo perdidos por causa de operações escusas envolvendo a venda ilegal de produtos baratos, criminosos perigosos que ganham dinheiro com o trabalho dos outros, mas uma grande parte é de adolescentes sem dinheiro baixando coisas que eles de fato apreciam (e, em alguns casos, que comprarão quando tiverem o dinheiro, ou comprariam se tivessem) sem lucrar nada. O mesmo vale para livros; No entanto, Cinema Pirata abre nossos olhos para alguns fatos relevantes, e o próprio autor é um registro dissonante (assista Minority Report): Cory Doctorow deixa seus livros disponíveis para download gratuito em seu site. Em um artigo no site da Forbes, inclusive, levanta pontos interessantes sobre isso.
“A maioria das pessoas que baixa o livro não acaba comprando-o, mas não o teriam comprado de qualquer maneira, então eu não perdi nenhuma venda, apenas ganhei audiência. Uma pequena minoria de downloaders trata o e-book gratuito como um substituto para o livro impresso – essas são as vendas perdidas. Mas uma minoria bem maior trata o e-book como uma incitação à compra do livro impresso. Essas são vendas ganhas. Enquanto as vendas ganhas superarem as perdidas, eu estou à frente do jogo. Afinal, distribuir um milhão de cópias do meu livro não me custou nada.”

Embora o download ilegal em si seja hoje, em geral, uma infração, não é um crime hediondo digno da atenção massiva do legislativo e da imprensa do nosso país, – ou de qualquer outro – e há casos em que essa distribuição massiva e gratuita pode ser vantajosa. A pirataria que visa o lucro pode ser considerada um crime maior, mas as punições impingidas ao internauta como um todo acabam gerando todo esse... problema.

Chegando então às considerações finais desse artigo que acabou ficando ainda maior do que o imaginei, vamos voltar a falar das vantagens de se ler Cory Doctorow:

Dificilmente o leitor compra um livro tão político, informativo e bem estruturado propositalmente (é, eu tenho a minha geração em baixa conta). Se você não é desses e procura por conteúdo além de romance ou aventura (não que falte dos dois, tem o suficiente de ambos), não deixe de ler os livros de Doctorow – os questionamentos só são interessantes porque você se importa com o contexto no qual eles são apresentados, ou seja, os personagens e acontecimentos são de fato interessantes. Se você é dos que procuram por esse tipo específico de conteúdo, vá em frente: vale a pena.

Apesar de eu focar esse texto na parte mais séria dos livros, a narrativa é muito fácil de acompanhar, os personagens são cômicos e desbocados, as situações são hilárias(principalmente em Cinema Pirata) e o desenrolar da história é delicioso. O fato de o autor de fato chamar o leitor a conhecer mais dos seus direitos e deveres, efetivamente exercê-los e até mesmo VOTAR não deve ser levado em conta se for te fazer desistir da leitura (novamente, peço desculpas às pessoas que estão indignadas com a minha desilusão generalizada). Mas, sinceramente, acho que livros como esse são a salvação da nossa geração alienada (O DRAMA!).

E, só para não passar batido, ficam essas pequenas referências de Doctorow nos nossos grandes sucessos literários atuais: O autor Scott Westerfeld o rotula como ‘Inovador’ em seu livro Tão Ontem (So Yesterday), nos créditos finais. Em Jogador Nº 1 (Ready Player One), de Ernest Cline, Doctorow foi citado brevemente como Presidente do Conselho de Usuários do OASIS junto com Wil Wheaton (de acordo com o protagonista-narrador, ele, como a grande maioria dos caça-ovos, votaria parareeleger os dois de novo. Fica a impressão de um trabalho bem feito e até de uma certa admiração de um autor pelo outro (mas eu sou influenciável e minha opinião é apenas a minha opinião). Na verdade, acho que foram esses easter-eggs que me fizeram prestar mais atenção em Cinema Pirata quando saiu.

Acho que é isso. Provavelmente deu pra perceber que eu recomendo esses livros, mas lê-los é uma escolha individual de cada leitor. Se decidir lê-los e sentir a mesma vontade intensa e curiosa de estudar um pouco da estrutura política ao seu redor (mesmo que seja escondido, “só pra saber”), por favor, compartilhe isso comigo. Eu simplesmente não suportaria ser a única.

Esse é um artigo escrito por Regina N.Umezaki, que resolveu pesquisar sobre a licença usada por Cory Doctorow em usar nesse texto também. Os termos estão ali em baixo, gente linda.

[English]


Okay then, it’s time to test the efficiency of my bilingual writing, and I guess this is going to be a long, long article. I already feel the RSIs.

Have you ever hear of Cory Doctorow’s books?

Here in Brazil, they’re published by Galera Record. We have two of his books: Little Brother (released as PequenoIrmão in 2012) and Pirate Cinema (released as Cinema Pirata in 2013). It intrigues me to realize that his books are almost hidden behind (or would it be beneath?) the unending piles of YA and supernatural romances. Not that I dislike them (I actually really like some of them, and some people would say that Doctorow’s books are contemporary YA, I think;) – not at all, it’s just that, with a publisher as big/famous as Record, it would be expected for this author to have at least half a dozen fanboys and fangirls in this country’s book blogosphere.

Now leaving the randomness behind, let’s talk about the featured books. Little Brother is the story of Marcus, a.k.a. W1N5T0N, one of these extraordinary people (IMO, judge me) that like to trick the system and has the talent for it. He’s not one of those who would do it to cause chaos, though, but one of the ones that do it to cut class and go do something more interesting instead (that’s all of us, as far as I’m concerned). What makes the book different from most is what comes after.

San Francisco is struck by a terrorist attack; Marcus and his friends mix up with a scared crowd. They are arrested and interrogated as suspects – He’s detained for three days. In order to be released, they are diplomatically persuaded (or obligated, whatever fits) to sign declarations that pretty much say they’re okay with the way they were treated by their captors. This captors are, by the way, the government.

His best friend is not released, though.

I’m stopping here so I won’t spoiler anything (else), but the really interesting things on the book begin here. Cory Doctorow managed to surprise, or at least surprise me. He turned the book into a declaration, an alert and an informative.

Through Marcus’s eyes, the reader sees the society transforming through fear. In exchange for said security, people start giving away their rights and freedom. At school, students begin to be questioned about in which situations the Constitution and its emends can be ignored or put aside. Common people start to be stopped in subways, cars, on the streets; They start to get questioned for little or no motive.

The books title is a reference to the Big Brother, an antagonist we know from 1984 by George Orwell. The Little Brothers are the counter-attack, the defense line, a minority acting to protect the rights that are being so wildly ignored in a witch hunt that may or may not be reasonable. They (the Little Brothers) are led (well, kind of. He’s more like an example, I would say) by M1K3Y, the new alias Marcus has adopted (speaking of, ‘W1N5T0N’ also is a reference to 1984 – the protagonist's name is Winston). Using technological tricks they’ve already been exploring, ordinary citizens start to undermine the system.

I’m not going to pretend having understood everything that was told about technology. I’m one of those people who understand just enough to be functional online. Even though I can’t fully get the creation process, it’s simple to get the goal of each action taken and explained. Besides, the author exposes interesting statistic data about the probability of actually catching a terrorist by aiming blitzes on regular people. This statistic I actually understood, and labeled in my head as something between funny and disturbing.

Little Brother is one of those books which tell a story, but also has a not-so-subtle message about freedom of speech and its importance.

A lot is said about the duties of a citizen, but I don’t think I actually know someone who has read our constitution. Also, I don’t believe I know someone, anyone, who has been given classes about politics before or at age 16, when we become allowed to vote in Brazil (where, btw, we become obligated to vote when we’re 18). And going a little further on this thought, I see no opportunity to learn about our rights and obligations in schools, where we are supposed to shape people to become important and permanent part of our society. And worst, I see irrefutable proof of the general ignorance (and I include myself in ‘general’) in election times, when it’s pretty normal to see a non-given declaration being credited to a random politician and spread wildly over social networks just for disinformation purposes.

I don’t believe petitions and brasses will guarantee us the politics classes I wish we had, but if you’re reading this article it might mean that you are somehow like me, and has access to this wonderful thing called internet. As Cory Doctorow, you recognize the value of information. And if you’ve read till this very line, we can say you are an interested one.

Isaac Asimov predicted self-taught people at the ‘80s. Interconnected and armed with access to virtual libraries. It was our generation he was talking about – I believe so. I started writing about an author, then went to a book and will talk about another one before finishing this errant article, but since we’re here, I would like to point out that the idea for this pseudo-article came from a bunch of books, Wikipedia pages and random articles read from December 2011 to now. Imagine what one would be able to do with a library. Imagine what one would be able to do with the internet.

Now, continuing.

I’ve already written about Little Brother and its question-rising-favorable structure. Now, let’s bring to the table something even closer to our reality. Let’s talk about Pirate Cinema.

In Little Brother, we see the exact moment when a rigid society becomes a dystopia. In Pirate Cinema, Big Brother is already watching us on the totality of our fingers and nails from the very beginning.

Trent is, as Marcus, a talented teenager who has the ability to break rules and a taste for it. In a system that punishes any kind of illegal download, he gets caught for collecting and putting together (marvelously, btw) movies of one of his idols to make short movies and creating new stories. For this dangerous criminal, corrupted and threatening to others well-being activity, he and his entire family are banned from the internet.

Yes, I think the concept is a bit extremist. Almost cruel. Being banned from the internet for a whole year, Trent realizes how much he depended on it. He needs the material to make his films. His mother needed access to fill forms for her health care. His father worked online. His straight-A sister needed it to do homework.

Pirate Cinema begins like this. Trent runs away, frightened and also ashamed by the consequences of his acts. In London, he ends up finding an entire subculture, an underground world full of people who could be homeless, but feast like the royalty. People who could be indigents, but actually do pretty well outside the radar.

It is outside the system that he starts to realize how things really work – he needs to step out of his bubble in order to see it clearly and find out what’s wrong. Side by side with Twenty (Yes, her name is 26 and short for that is Twenty. So awesome.), a character as essential to the questioning as the main character himself, Trent starts to observe and, eventually, face the system that has created the rules he once broke, causing most of his family’s problems.

As in Little Brother, the questioning is really present and not hidden at all (I guess that’s pleonasm, but the presence is indeed so strong that I find myself having to give it doubled attention). Actually, they’re even deeper, because together with the perspective of errors, the author presents the improbability of correction. What’s wrong is so wrong that repairing it would make necessary the mobilization of the people who corrupted it in the first place. To improve the system, it would be necessary to destroy or overcome it.

Even though the predictions are apocalyptic, when we take a good look at our own politics, there’s no motive to deny: Our system is as corrupted as Trent’s, and, I believe, as irreparable as.

Here’s a quote I very much enjoyed about calling downloads theft:

“Pissing hell, if it’s just theft, then why aren’t the penalties the same as for thieving? Nick a film from HMV and you’ll pay a twenty-quid fine, if that. Download the same film from some Pirate Bay in Romania and they stick you in jail. Bugger that.”

I don’t think I’ve said it before: Pirate Cinema, or at least part of it, is inspired by protests against projects like SOPA, PIPA and ACTA (do you remember those?), but it is written on the beginning of the book, on the author’s notes. It is almost impossible to talk about copyrights and internet freedom without remembering these (almost) laws.

When we talk about piracy, we think of millions being lost because of underground operations involving illegal sales of cheap products, dangerous criminals actually making money out of someone else’s work, but in reality a big part of it is just a bunch of teenagers without money, downloading things they actually like (and, in some cases, things that they will buy once they get the money; or would, if they could) for no profit. The same goes for books; However, Pirate Cinema opens our eyes to some interesting facts, and the author himself is a minority report (yeah, I like this moovie)): Cory Doctorow makes his books available for free download in his website. Also, in an article for Forbes, he raises some good points about it.

“Most people who download the book don't end up buying it, but they wouldn’t have bought it in any event, so I haven’t lost any sales, I’ve just won an audience. A tiny minority of downloaders treat the free e-book as a substitute for the printed book--those are the lost sales. But a much larger minority treat the e-book as an enticement to buy the printed book. They're gained sales. As long as gained sales outnumber lost sales, I'm ahead of the game. After all, distributing nearly a million copies of my book has cost me nothing.”

Although illegal download is, today, and infraction (some sort of crime? see, if I'd been taught better at school, I'd know), it is not a hideous crime, worthy of massive attention from press and legal power of our country, – or any other – and there are cases in which this massive and free distribution can be helpful. The piracy aiming for profit may be a bigger crime, but the punishment being applied to the users as a whole ends up rising this... big... problems.

 
And now that we’ve reached the final considerations of this article that ended up even bigger than I’d expected, let’s talk again about the advantages of reading Cory Doctorow’s books:

A reader will hardly buy a book with so political, informative and structured on purpose (yeah, I don’t really believe in my generation).If you’re not one of those and actually look for content besides romance or adventure (and that does not imply that his books lack these things. They have their share of both, indeed), don’t pass Doctorow’s books – the questioning is only interesting because you care about the context in which it’s presented; The characters and events are in fact interesting. If you are looking for this specific kind of content, go ahead: it’s worth it.

Although I’ve focused this text on the more serious parts of the books, the narrative is easy to follow, the characters are comical, the situations are hilarious (especially in Pirate Cinema) and the progress of the story is simply delicious. The fact that the author calls the reader to know more about his rights and duties, effectively exercise them and even VOTE should not be accounted for if it’s making you give up on the reading (again, to all the people that are angry for my generalized disillusion, I’m sorry). But, honestly, I think books like these are our alienated generation’s salvation (oh, the drama).

And, just for information’s sake, some little references to Doctorow in our recent literary successes: Scott Westerfeld called him an ‘Innovator’ in his novel So Yesterday, on the final credits. In Ready Player One by Ernest Cline, he’s briefly mentioned as president of OASIS’s Users Council, together with Wil Wheaton (according to the protagonist-narrator, he, as most of the egg-hunters, was voting to reelect the two of them again. It gives the impression of a well done job and even a slight appreciation from one author the other (but I’m influenciable and my opinion is just my opinion). Actually, I think these Easter-eggs are the reason why I paid more attention to Pirate Cinema when it was released (in Brazil).

I think that’s it. You can probably see that I recommend this books, but to read them is entirely your choice. If you decide to read them and end up feeling this intense inclination towards the studying of the political structure around you (even if quietly, hidden, “just for knowledge’s sake”), please, share it with me. I simply could not bear to be the only one.


This is an article written by Regina N. Umezaki, who decided to do some research on the license used by Cory Doctorow in his work and use it on this very article. The terms you can see below.

Bibliografia / Bibliography:

Pequeno Irmão, de CoryDoctorow;
Cinema Pirata/Pirate Cinema, de CoryDoctorow;
Jogador Nº1, de Ernest Cline;
Tão Ontem, de Scott Westerfeld;
 Artigo na Forbes;
Wikipedia;
O site do autor;
Creative Commons;

The Isaac Asimov prediction I mentioned - A previsão de Isaac Asimov mencionada:


Veja também a constituição brasileira.
If you find any errors in the English version of this text (ou na em português, vai que eu dei mancada), feel free to leave a comment pointing it. I'm doing both versions as an exercise, and every exercise can use correction.
Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Unported License.

20 de janeiro de 2013

Random Nonsense #01 - The Nonsense Deposit

Então, é o seguinte: Eu estou cansada de falar sobre livros como se fossem a única coisa sobre a qual eu realmente consigo conversar. Portanto, vamos tentar algo diferente: Escrever sobre livros E OUTRAS COISAS. Não faço ideia se vai funcionar, mas acho que se escrever o suficiente sobre a quantidade gigantesca de pensamentos (aleatórios) que tenho, talvez eu não fique jogando-os pra cima de pessoas inocentes à minha volta com tanta frequência.

E sim, pode me chamar de louca, mas eu GOSTO de falar e escrever em inglês (sendo boa nisso ou não), portanto esse vai ser um blog bilingue. BITCH, PLEASE. Eu posso não conseguir lidar com layouts, mas certamente consigo traduzir meus próprios posts. NA SUA CARA.

De qualquer maneira, quando eu digo VOCÊ, eu realmente estou falando com você, a pessoa que eu convidei a vir até aqui para trocar idéias comigo. Não, eu não espero que alguém que não me conheça encontre esse blog (se você não me conhece e encontrou esse blog, ME DIGA COMO, PELAMOR). Eu odeio networking e desgosto da idéia de ter que deixar comentários genéricos em blogs aleatórios apenas para ter visitantes. Não consigo.

Bem vindo. Não se sinta compelido a deixar um comentário enorme a não ser que realmente tenha algo a dizer. Argumente. Exponha idéias. Eu estou expondo as minhas e, quer saber? Não é tão ruim.

Sim, eu sei que a tradução não está perfeita, mas também sei melhor do que qualquer um o que eu realmente quis dizer, só escolhi expressar de maneiras diferentes na troca de língua. Não gostou, bite me.

~~

So, here's the thing: I'm so. Freaking. Tired. Of talking about books like it's the only thing I can actually talk about. Let's try something different then: Writing about books AND STUFF. I have no idea if it's going to work, but I figured if I write enough about this massive amout of thoughts I have, maybe I won't be spilling them on innocent people around me anytime soon.

And yeah, call me crazy, but I actually LIKE speaking and writing in english, so this will be a bilingual blog. Bitch, please. I may not be able to do layouts, but i can translate my own posts. Ha.

Anyway, by YOU, I really mean you, you the one I've asked to come over and share thoughts with me. No, I don't really expect someone that does not know me at all to find this blog (if you don't know me and found this, please, tell me how. TELL ME HOW!). I hate networking and I dislike the need to leave a generic comment on someone's blog just to have visitors. Just can't do this.

Welcome. Feel no need to leave a huge comment unless you actually have something to say. Argue. Share ideas. I'm sharing mine, and you know what? It's not that bad.

And yeah, I know the translation is not perfect, but I also know better than anyone what I meant to say, choosing to express this in different ways when changing languages. If you've disliked it, foda-se.


That's it. A new era of (trying) blogging has began.

I'm so screwed.